domingo, 1 de maio de 2011

Lygia Fagundes Telles completa 88 anos; conheça sua trajetória


Quando se fala de Lygia Fagundes Telles, um emaranhado de letras e palavras se mistura. A confusão é natural, e em certa medida, a culpa é da autora. Mas muito provavelmente são poucos os que se incomodam com isso. Pelo contrário, as emoções despertas por seus textos fazem sentir, são sentidos, criam recordações não vividas, quem sabe inventadas.

Nascida em 19 de abril de 1923, Lygia completa 88 anos, e suas obras continuam a gerar comentários, agrados e outras histórias. Conhecer sua literatura é dar de cara com personagens interessantes, misteriosos, viscerais. Há toda uma construção na literatura da prestigiada escritora, que usa e abusa das vozes, do pensamento alto e da confusão.

"Ciranda de Pedra" é seu primeiro romance (já havia publicado livros de contos anteriormente), lançado em 1954, e causando espanto em alguns críticos, pela solidez das ideias de uma moça, que nem sequer era professora ou jornalista, mas sim advogada. Formou-se na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, e nunca largou a profissão, tendo se aposentado como procuradora no Instituto de Previdência do Estado de São Paulo.

A vontade de escrever ela sempre teve, e foram os amigos Carlos Drummond de Andrade e Erico Veríssimo, entre outros, que a incentivaram a publicar mais textos. Talvez porque eles fossem sábios ou divertidos, ela acatou as sugestões, e em 1963 lança "Verão no Aquário", vencedor do prêmio Jabuti.

Na década de 70, o livro de contos "Antes do Baile Verde" é premiado na França, e Lygia apresenta seu terceiro romance "As Meninas", uma das obras mais conhecidas de sua carreira, que narra os desencontros de três garotas durante a ditadura militar.

Lygia é uma escritora engajada e vive a questão do terceiro mundo, buscando em suas obras tocar nos assuntos mesmo que de forma suave ou mascarada, contudo, sem esconder a realidade da cena de seu país.

A produção literária não cessa, e ao longo das décadas seguintes acumula os mais diversos méritos, a consagrá-la, definitivamente, em 2005 com o prêmio Camões, o mais prestigiado da língua portuguesa, pelo conjunto da obra.

Lygia Fagundes Telles é homenageada em mostra de cinema


Na programação, estão filmes escolhidas pela escritora e outros inspirados em seus trabalhos

No mês em que completou 88 anos, a escritora Lygia Fagundes Telles será homenageada em uma mostra de cinema a partir do dia 26, na Cinemateca Brasileira, zona sul de São Paulo, com títulos selecionados por ela própria e outros inspirados ou adaptados de suas obras.

Nascida no dia 19 de abril de 1923, ela publicou seus primeiros textos no final da década de 1930 e alcançou sua maturidade intelectual com o romance Ciranda de Pedra(1954). Lygia Fagundes Telles publicou, entre outros livros, Antes do Baile Verde (1970), As Meninas (1973) e Seminário dos Ratos (1977). Ganhou o Prêmio Jabuti por quatro oportunidade e o Prêmio Camões, um dos maiores em língua portuguesa. Foi casada com o crítico de cinema Paulo Emilio Salles Gomes, fundador da Cinemateca Brasileira.


Escolhidos pela escritora estão, entre outros clássicos do cinema, O Atalante, de Jean Vigo,O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla, O Último Tango em Paris, de Bernardo Bertolucci, Morte em Veneza, de Luchino Visconti, e A Doce Vida, de Federico Fellini. Dentre as obras inspiradas ou adaptadas de seus livros, destacam-se As Meninas, de Emiliano Ribeiro, As Três mortes de Solano, de Roberto Santos, o curta O Menino, de Luiz Fernando Sampaio, que conta com diálogos assinados pela própria escritora, e o raroLe Ore Nude, de Mario Vicario, longa realizado em 1965, cuja atmosfera e personagens dialogam com o universo romanesco de Lygia Fagundes Telles.

Homenagem à Lygia Fagundes Telles
De 26 de abril a 15 de maio
Largo Senador Raul Cardoso, 207, próximo ao Metrô Vila Mariana
R$ 8 (inteira); R$ 4 (meia)
(11) 3512-6111 (ramal 215)